Não é bloqueio de escritor

... é uma bifurcação no escuro na ZL! Ao lado dos trilhos. Estou escrevendo uma peça nova. Cheguei num ponto onde simplesmente não consigo mais avançar. Primeiro porque não sinto mais o que sentia (ou o que me forçava a sentir) quando comecei a escrevê-la. Mas nem é isso, tava escrevendo meio que na forçação(?) de barra e mesmo assim tava legal... Agora cheguei no meio da peça, onde tudo se justifica, e não consigo avançar. Não é questão de idéia. O personagem principal entra no quarto da menina desaparecida, deserto e pobre em sua decoração. Nada remete a ela. No tampo da gaveta ele encontra um diário. As últimas palavras da peça até agora: "Estou de posse do diário, que diz só mentiras".

Fodeu. Há um mês já. O lance é que essa pequena sequência de cenas a seguir precisa justificar toda a peça. Tem que dar a mais viva impressão da sexualidade adolescente prestes a se esparramar por tudo. E justificar a própria presença dele nesse quarto, e passar toda a perda de controle sobre seus próprios desejos, que foi o motivo capital da perdição da menina, até o seu posterior desaparecimento. Tem que dar medo e ser excitante. Um frio na barriga e uma respiração pesada, de desejo, antes da saudade. Mas eu só não sei como. Não quero admitir, mas me parece impossível.
Obrigado por ouvirem. Bom fim de semana.

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