Intocável

Meu nome... O texto deveria começar assim por ser tão pessoal, ele deveria começar com meu nome, como se este pudesse de fato me conter ou definir. Acreditar nessa possibilidade seria mentir e não quero mentir hoje. Eu procuro a verdade, afinal ela me libertará, tinha me convencido a dize-la. Todos, até mesmo eu, podem ser sinceros... Nós somente evitamos isso.
Então, já que fiz minha escolha... permita-me lhe dizer algo:

Eu já sei como esse texto irá terminar.
Conheço a forma final do que quero criar, a última frase já está pronta, deitada na boca esperando para passar entre os dentes. Não me importo se ele irá lhe incomodar, meu mundo restringe-se a mim e não sinto prazer em estar escrevendo sobre ele para outros olhos. Não sinto mas preciso, porque prometi falar a verdade. Este não é um exercício de vaidade. Não há beleza em se despedaçar assim... mas é preciso.
Fragmentar a alma, desfazer-me desse meu emaranhado de erros. Quebrar essas partes até elas começarem a fazer algum sentido. Terei que morrer um pouco para vestir-me com a determinação necessária e prosseguir. Porque preciso tanto.
Enquanto respiro com alguma dificuldade penso repetidas vezes:
"Deus ou qualquer um de seus muitos equivalentes... eu gostaria de parar e voltar a ser uma pessoa. Não quero mais ser essa coisa desprovida de humanidade.
Como desejo parar."

E que ninguém se atreva dizer que isso é simples.
Esqueça o que falam sobre sempre ser possível mudar, porque isso não é uma regra e se fosse existiriam exceções como eu. Ninguém pode recuperar determinadas perdas... Certos caminhos são sem volta e deixam como únicas opções estradas ainda mais desastrosas.
Eu vivo e tenho como estado natural de existência o colapso. Sei sobre o que falo... sei que não é simples. Fato que continuamente me faz querer parar e ao mesmo tempo acelerar. Não sei mais se me agarro as paredes ou se salto, para descobrir enfim quão brilhante pode ser o impacto contra o chão, quanta força sou capaz de adicionar a minha própria queda, para assim torna-la magnífica. Um bom espetáculo.
Essa é a nossa função durante a vida. Entreter o público, no drama, comédia ou tragédia. Tornar essa passagem algo digno de se ver e se o fim for inevitável, torná-lo sublime. Essa é minha natureza. Isso está no meu sangue. Amarrado em minha coluna, escondido entre meus músculos.
Se não me é possível a compaixão que eu seja o medo.
Se não me é permitido a razão existirei na loucura.
Se não for possível parar, porque precisaria de alguém para isso, então irei tornar essa queda estrondosa. Não preciso de ajuda. Eu não preciso de mais ninguém. Eu não quero agora...
Agora não adianta. Não preciso mais...
Eu não quero mais parar.
Eu não quero mais ninguém.
Estou sem ar...
Minha boca está seca. Gostaria de tomar um café frio agora...
Nesse ponto, há um gosto amargo não? E nós nem começamos.
Imagino que o sabor ocorre porque encontramos uma verdade, a minha verdade. Uma das milhares possíveis e que por existir implica na certeza de que tanto a minha verdade amarga como a sua verdade repleta por esperança são possíveis. Nenhuma das duas está errada ou deixa de existir. São escolhas, pontos de vista diferentes. Foda-se se consegue ou não me acompanhar. Foda-se. É minha vida, são meus pensamentos aleatórios e quebrados. Respire.
Sou eu. Acho que perdi a linha de raciocínio. Acho que estou errado... não devo ser muito compreensível.
Respire...
Considere que pode parar agora e ir embora. Afinal até aqui não há um sentido definido nessas palavras ásperas. Vá embora.
O ar que lhe resta e falta será roubado por esse meu amor sufocado. Essa mágoa.
Respire. É necessário prosseguir, afinal nossos olhos encontram certo fascínio na ruína.
Eu gostaria que tudo terminasse exatamente aqui. Que esse fosse meu último texto e que a conclusão dele me libertasse. Me parasse. Aprisionado. Contido.
A verdade irá libertar-me. É isso que procuro.
A verdade vai encerrar-me. Destruir-me e recriar-me.
Para alcança-la irei violar a alma e essa infinidade de lacres, cadeados, espelhos e paredes que existem redor de minha essência. Não há tempo para sutileza nesse estupro. Eu quero somente que esse texto seja real. Possível aos incrédulos e passível de perdão aos devotos.
Assim, qualquer um que leia isso, mesmo sem compreender totalmente irá sentir algo incômodo como: "Isso poderia acontecer comigo... Fico feliz por saber que não sou ele."
Respire.
Nós estamos apenas começando.
Respire.
Não me deixe agora.
Respire.
Não pare ainda.
Nós temos que continuar, mesmo que eu queira parar... essa necessidade é tão forte que me faz entender com perfeição suicidas. As cartas deixadas por eles sempre contém palavras como "por favor" e "desculpe-me".
Por favor.
Desculpe-me...eu tenho que ir agora.
Respire...






Tocável.

Você ainda está por aqui?

Estou sentando dentro de um pequeno estabelecimento, em uma das praças do centro, esperando o café. Um lugar simples, quase invisível. Aprecio a intangibilidade desses locais.
Sempre tive o hábito. Já tentei usar boa parte das drogas legais e ilegais conhecidas mas não consegui me viciar, o café foi o mais perto que estive de uma dependência química.
Esse conceito de total independência é bonito, mas é também muito solitário, por isso procuro um vício ou ligação. Algo que faça-me sentir falta...querer ficar, algo para me importar e pensar se vou ou não ter no dia seguinte.
A bebida em questão, aromática e negra, é preparada lentamente à minha frente. A forma como me dirigi ao rapaz alguns minutos antes, deixou claro para ele que não era necessária qualquer pressa. O tom da voz demonstra muitas coisas se você realmente prestar atenção.
Minha voz, por exemplo, é pausada. A voz verdadeira, não aquela que utilizamos para responder bom dia ou pedir informações na rua e que precisa ser amistosa. A voz real, que uso quando penso é calma e grave. Procuro prestar atenção nas vozes de algumas pessoas e no que elas não dizem. Com igual determinação ignoro muitas outras vozes, porque elas com freqüência, não tem nada a dizer. São somente sons. Não as vejo como palavras, verbos nem sequer como estalos. Tem tanta relevância e densidade quanto um copo que se quebra, moedas que caem, portas que batem. Por isso gosto do silêncio e da invisibilidade de um bom café.
Assim que termino a palavra silêncio em meus pensamentos, uma rajada de vento atravessa a praça onde estou. Sinto o ar passar entre as árvores e o som do vento, deslocando-se em ondas.
Você nunca prestou atenção na voz do vento? Presumo que não. Se nunca ouviu algo que existe a sua volta desde o primeiro segundo de sua vida...como espera afinal escutar alguma palavra minha? A voz dele é um sussurro.
Ele diz que ao anoitecer irá voltar, arrastando consigo uma tempestade vinda do leste.
Conta sobre um grande tornado perdido ao sul, sobre o casal de namorados discutindo na varanda em uma casa cravada no meio do nada em uma cidade não muito longe daqui, fala como passou por entre os telhados de outras centenas de cidades e como a luz do dia tornava tudo tão calmo. Falou por último, sobre a criança que voltou a ficar muito perto da janela no décimo quarto andar. Ele disse, quase como se realmente tivesse sentimentos, que tentou segura-la, mas que foi incapaz. Por ser tão intocável...
Ele repetiu a frase algumas outras vezes... com um ar perplexo.
Fechei meus olhos ouvindo-o sussurrar.
Peguei parte dessa dor, divido-a para torna-la menor e suportável. Então disse a ele sussurrando.
"Respire." As palavras saíram baixinho, mal houve a necessidade de abrir a boca.
O vento retirou-se. Como disse, prefiro o silêncio muitas vezes ou o som das xícaras sendo limpas, do pó de café sem removido com batidas dos filtros da máquina.
O rapaz, que na nomenclatura correta da sua profissão é barista, está terminando de fazer a bebida. Olho para ele por alguns segundos.
Creio que aqui torna-se necessário explicar algo que irá conferir maior sentido aos acontecimentos, tornando-os possíveis.
Por apreciar o silêncio e falar pouco, ao longo dos anos eu aprendi a observar. Descobri que ao se anular por alguns momentos você pode tocar outras pessoas e perceber o que existe no entorno e dentro delas. Sentir o que não é demonstrado diretamente, mas tudo o que está presente nos gestos, nos intervalos, na respiração e por último nos pensamentos.
A parte boa disso é ser capaz de compreender o que move e os sentimentos de outras pessoas. Não ser surpreendido. A parte ruim disso também é ser capaz de compreender o que move e os sentimentos de outras pessoas e não ser surpreendido.
O cheiro, voz e pensamentos de determinadas pessoas me incomodam.
É difícil explicar isso de forma racional. Como explicar que apenas pela forma de andar, falar ou olhar elas transparecem quem são e o que pensam.
Como poderia tornar instinto um forma de julgamento aceitável aos olhos de um observador isento? Talvez apresentando provas.
Dez ou doze segundos se passam, desvio finalmente meu olhar. Abaixo a cabeça na direção do balcão.
Jefferson está pensando no namorado e na faculdade. Foram os olhos escuros dele que me falaram a parte referente ao namorado. Os livros, fotocópias e apostilas sob o balcão quase escondidos ao lado dos pacotes de café, me falaram sobre a faculdade. O nome estava escrito no uniforme... o uniforme que ele detesta usar porque torna ele invisível. Faz dele um trabalho, uma função e não mais uma pessoa. O uniforme que sua mãe insiste em lavar e manter limpo, com igual cuidado ela irá cuidar das roupas brancas dele quando o rapaz se formar como médico dentro de alguns anos.
Quase todas as pessoas deixam sinais sobre quem são. O que pensam e sentem. Mas ninguém presta muita atenção neles. As vezes creio ser uma das exceções, porque não penso em nada durante uma enorme fração do dia, desconfio que caso eu não tenha alcançado o nirvana, essa ausência minha de pensamentos seja fruto de pura distração e incapacidade criativa. É por esse vazio que ajo como uma folha de papel, sendo preenchido por outras histórias. Não sei exatamente porque estou pensando em uma música chamada Tom's diner...
A xícara de café é deixada na minha frente sobre o balcão de mármore negro, junto com adoçante, açúcar e demais alegorias. Eu agradeço.
Prefiro o açúcar, despejo três pacotinhos. Sim é bem doce que gosto. Doce demais.
O líquido compacto e escuro combina com minhas roupas, sempre negras.
Queimo minha língua ao provar o sabor, ao mesmo tempo, penso como é bom estar vivo.
Assopro e bebo aos poucos.
Assopro e bebo mais um pouco.
Respiro.

O ato desperta o que é chamado por memória afetiva.
Lembro das torrefações que existiam próximas de minha casa, todas as tardes elas deixavam o cheiro do café invadir o ar. Estranho como algo tão simples me faz lembrar de tantas coisas.
As vezes esqueço de certos fatos, as vezes escolho esquecer. Em geral deixo-me ser esquecido.
Lembro de tantas coisas, principalmente daquelas que ainda não vivi.
Eu sou muito mais velho do que aparento, bem mais velho do que deveria ser, isso colabora para a aquisição de uma quantidade imensa de memórias e recordações, boa parte delas dispensáveis. Parece que quanto maior a quantidade de memórias, menos tempos cada uma delas passa sob meu teto. Obviamente, acreditar em minha idade avançada, é somente uma escolha.
Se pensar bem, boa parte da humanidade acredita em tantas coisas improváveis.
Acredita em um sentido maior e que exista um propósito definido para cada fato comum. Não estou dizendo que acreditar nisso seja incorreto, estou apenas lembrando que crer por si apenas já é improvável. Daí a beleza do ato.
Por que então não acreditar em mim?
Sei que ao menos ficaria em dúvida quando eu lhe falasse minuciosamente sobre uma casa azul que existiu em por volta de 1790. Das paredes forradas, macias como veludo em tons de carmim e vinho. Havia um jogo de bule e xícaras em porcelana. E o café, muito mais ralo, quase um chá.
Abrigo diurno para prostitutas e artistas.
Atrizes e escritoras. Vadias e santas.Sempre gostei da companhia feminina.
E imaginar que já quase fui padre. Pensando sobre isso agora, depois de tantos anos, a idéia possui certo sentido... quem melhor do que eu, um pecador, para seguir esse caminho? Falaria com conhecimento de causa sobre todas as fraquezas e deliciosas falhas de caráter.
Se Deus ou seu equivalente dentro das inúmeras possibilidades existentes (isso me soa familiar) e eu, não tivéssemos entrado tantas vezes em atrito, talvez hoje eu estivesse vestido de preto por outros motivos que não fossem praticidade e luto. Ele e eu nunca chegamos a um acordo sobre muitos assuntos. Enquanto eu creio que apenas a noite seria suficiente Ele acha interessante a existência do dia. Enquanto eu sempre achei que determinadas pessoas deveriam continuar vivas, Ele acreditava que elas deveriam morrer.
Procuro ser irônico ao pensar nesse ponto, quase insensível... assim a ausência dela não irá me atingir. Não vou pensar em quem seria hoje se tudo fosse diferente.
Respire.
Terminou.
Dizem que quando você prova o gosto do céu tudo na terra pode perder seu sabor ou ter ainda mais valor. O café nesse exato momento, mesmo com seus três pacotes de açúcar, me parece terrivelmente amargo.
Mesmo assim continuo bebendo.
Tenho medo de um dia esquecer a pessoa que fui quando estive ao seu dela.
Me perdoe. Eu sou apenas uma parte do que costuma ser. Amargo.
Como é amargo esse café.
Pontos de vista tão opostos, o meu e o Dele, dificilmente encontram alguma forma de conciliação. Procuro acreditar que Ele teve seus motivos, assim como todos nós. Uma daquelas razões absolutas e misteriosas e que fogem da compreensão. Certamente se eu também estivesse no último andar do prédio, seria capaz de entender essas razões e ver um quadro mais amplo, um sentido maior e correto para tudo. Mas daqui da calçada, o meu ponto de vista impede-me de saber o por que de uma infinidade de fatos que acontecem duas quadras daqui.

Faço sinal da cruz, mais por hábito do que pela blasfêmia... palavra bonita não?
Sempre que quero ser livre do mal ou que alguém rogue por mim, faço o sinal da cruz. Esse talvez seja um segundo vício, somente agora notei isso. O café está quase chegando ao fim, giro a xícara, quero o açúcar no fundo.
Quero algum doce para anular o gosto ruim na alma.
Pago.
Agradeço uma segunda vez e conjugo uma série de outros verbos como levantar, andar, olhar. O único que pretendo ignorar é o verbo voltar. Não quero voltar para casa ainda.
Ainda não escureceu.
Enquanto atravesso a cidade, tomando o cuidado de não esbarrar em ninguém. Passo por algumas outras histórias e personagens.
A fantasma de cabelos vermelhos, sentada nas escadarias que levam as catracas dos trens. Pensando em um homem que nunca vai compreender o que é amor. Que nunca irá cuidar dela. A respiração é quase inexistente assim como o ritmo do coração. Muito fraco, ele está prestes a parar.
O homem esperando o ônibus, impaciente com o rumo da própria vida, apertando as mãos. Estrangulando o destino... ele já está morto. Não sinto nada.
Vou de sombra em sombra seguindo. Passando por centenas e centenas de rostos que não me dizem absolutamente nada. Não inspiram preocupação.
Sinto a mesma afinidade por eles que um lobo sentiria por ovelhas.
Eles aceitam viver como animais. Acumulados feito números em filas, vagões e sonhos.
Eu junto-me a eles. A tempestade trazida do leste finalmente chega e desaba sobre a cidade.
Fechado dentro de um ônibus, fico aguardando ser levado de parte alguma para lugar nenhum. Sou conduzido entre campos de concentração porque quero descansar e é incrível perceber que todos aqui preferem o abate. Isso é algo que se pode sentir no mormaço do ar quente dessas inúmeras respirações.
Eles dormem, vivendo de prisão em prisão sonhando com o dia em que serão abatidos, cortados e servidos.
Eu sou um animal, como eles... mas um que passa tempo demais pensando.
Eu vivo entre eles em perfeita solidão. Detesto a sensação, desprezo essa proximidade.
São centenas de vidas levadas do nada ao nada, centenas de pensamentos e sonhos destruídos. E estar próximo deles me faz sentir vivendo em cada uma dessas histórias perdidas.
Eu sinto piedade mas não compaixão.
Sei que existe outro caminho; se fosse um mestre sentiria, no lugar de repulsa, compreensão. Mas essa não é minha escolha... eu segui outro caminho.
Sinto falta de ar.
Está chovendo e todas as janelas estão fechadas. Eles tem medo da chuva, de temporais, do tempo, de tudo. Eles tem medo de tudo.
Andar no meio deles é como viver imerso em desilusões. Por isso evito tanto o contato, porque me cansei dessas histórias e não quero ser tocado por elas.
Não quero ser sufocado por ausências. Eu quero a minha história de volta.
Levanto-me, esbarrando e empurrando. Tento chegar até a porta do veículo sem ver cada um desses pensamentos. Sem notar que a moça com roupas sérias pensa que vai se atrasar por conta do trânsito, o velho ao lado dela resmunga sobre a demora da viagem, sim o filho daquela senhora usa drogas, não você não vai passar nessa entrevista, eles não vão ligar para você, ele não vai se ligar, ela não quer saber que é traída, ele não vai notar que é amado, ainda faltam mais três horas até a rendição pensa o motorista, mais uma nota de dez pensa o cobrador. Ninguém abre essas malditas janelas, todas sempre são fechadas.
Eu não consigo respirar.
Eu quero descer.
Eu dou sinal, um ponto depois as portas se abrem. Está chovendo forte.
Eu desço e permaneço parado na calçada. O ônibus continua.
Fico alguns segundos tentando entender porque desci no meio da tempestade, como se não soubesse a razão.

"Respire..." Digo enquanto começo caminho.
"Foda-se e respire". Continue respirando.
Começo a andar sem me importar em chegar a algum ponto.
Meu coração dói.
Respire.
Ele dói a anos.
Respire.
É um conceito interessante ter como destino e estado natural de existência o colapso
A chuva torna-se mais forte.
Eu sei que estou chorando mas não sinto isso.
Paro apoiado em uma parede.
Respire.
Eu não posso continuar. Eu vou embora agora, eu vou pra casa.
Eu vou para qualquer lugar que não seja aqui.

Desculpe-me.
Eu tenho que ir agora.
Se esqueci de mencionar isso no momento apropriado...
Meu nome é Moacir.

Meu nome... O texto deveria começar assim por ser tão pessoal, ele deveria começar com meu nome, como se este pudesse de fato me conter ou definir. Acreditar nessa possibilidade seria mentir e não quero mentir hoje. Eu procuro a verdade, afinal ela me libertará, tinha me convencido a dize-la. Todos, até mesmo eu, podem ser sinceros... Nós somente evitamos isso.
Então, já que fiz minha escolha... permita-me lhe dizer algo:

Eu já sei como esse texto irá terminar...

Comentários

Zé Raimundo disse…
Senhor Moacir.
Estarei sendo repetitivo, muito repetitivo, ao falar sobre a beleza de sua escrita. Portanto não falarei sobre ela. Deixarei registrado alguns sentimentos que me sacodem durante a leitura. "Uma sensação de estar se desintegrando juntamente com as coisas descritas. Um furacão que varre e dizima tudo ao redor, mas em câmara lenta, sem perder sua força brutal. Uma angústia que aperta o peito com toda intensidade, mas se espalha por todos os lados, suave e contemplativa."
Obrigado Moa. Pra mim, essas "coisas" são alimentos e sob a sua pena, possuem nutrientes ainda mais revigorantes.
Parabéns amigo.