Cena 7

As luzes se acendem. Letícia recostada no carro dá saborosas colheradas em seu potinho de arroz doce.

Arthur entra em cena, trazendo um saco plástico e uma lata de coca light, que dá a ela.

Arthur – Não existe mais o Hotel do Golfinho.

Letícia – Mas a menina ainda existe...

Olha ao longe para evitar encará-lo.

Letícia – Olha ali! É a mãe dela!

Arthur – É mesmo! Foi na farmácia...

Letícia – Será que ela ainda mora naquela casa?

Arthur – A gente vai ter que falar com ela ainda... Mas agora não.

Letícia – As meninas param de falar quando ela entrou.

Arthur – As do balcão?

Letícia – É! Olha só!

Arthur – Isso é um estabelecimento comercial! É claro que pararam, é o trabalho delas.

Letícia – Não! Elas pararam...A outra foi mexer nas prateleiras...A loirinha, olha como ela tá sendo gentil.

Arthur (irritado) – Elas tão trabalhando?

Letícia – Não. Olha ela trocando as caixas na prateleira, eu trabalhei em loja...

Arthur (incrédulo) – Tá certo.

Letícia – Olha! Muito gentil... Elas tão nervosas... Com medo de rir... Será que aconteceu alguma coisa...

Arthur (sarcástico) – Acho que uma senhora de meia idade acabou de comprar remédio.

Letícia – ... com a Fátima?... Tá saindo?

Arthur – Que foi, não quer que ela te veja?

Letícia (dá os ombros) – Mas não quero não, não assim.

Arthur – Já foi...

Letícia volta-se para a farmácia.

Letícia – Vacas.

Alguns segundos de silêncio.

Letícia – Vamos achar um hotel?

Arthur assente, e entra no carro.

Letícia arruma o cabelo na frente do retrovisor.

Arthur – Só uma coisa...Você perdeu ou não a virgindade no Hotel do Golfinho?

Letícia (ri) – Eu nunca nem entrei naquele hotel.

Arthur – Então porque você insinuou que sim?! Quando eu disse que o hotel tinha fechado, você disse que a menina ainda existia...Que menina você tava falando, você ou a Fátima?

Letícia – Eu, mas era zoeira.

Arthur – Porque você disse isso então?

Letícia – Eu faço coisas, que não tem explicação.



Cena 8


O assassino entra no banheiro do posto.

Passa pela porta do toalete fechado e vai até a pia. Arregaça as manda e se banha até a nuca. Passa a escova nos dentes, cospe, checa o hálito e a aparência em frente ao espelho.

Vai até o toalete fechado e abre a porta. Não há ninguém mas inscrições na parede.

Telão: Perdeu!!! Te quero só às 15:00 h. Me afoga de 4 aqui.

Abaixo, o desenho de uma grande seta vermelha indicando a privada.

.

Comentários