Mãos Atadas.




Eu não digo isso com freqüência.
Eu não conto a ninguém que minhas mãos estão atadas.
Não revelo que você é a culpada.
Esse é meu segredo.

Não transpareço a paz que sinto em seus braços.
Não digo que permaneço preso em seu laço.
Por sua presença indecifrável... em tudo o que vejo
Em tudo o que sinto.
Tudo o que faço...É pensar no som da sua respiração entre meus lábios.
No atrito de suas mãos contra minhas costas, contra os meus pecados.
Contra o que sou.
Porque pareço deixar de ser por você.
Contra o que penso.
Porque eu não digo isso com freqüência.
Eu não conto como sinto sua ausência.
Como desejo estar entre seus pensamentos.
Boca, língua e espaços.

Como a desejo.

Deitada sobre meus versos.
Descansando nos meus braços.

Escrita sobre meu corpo.
Presa em meus atos.

Recitada.
Transcrita.
Amada.

Nem revelo a ninguém que você é culpada.
Não falo o que talvez você já até saiba.
Não conto que meu único segredo.

É amá-la.


M.


Moacir Novaes

Comentários

Anônimo disse…
É lindo...Brutalmente lindo...
Pena que não é para mim...
Larissa disse…
Da mesma forma que é sético e em nada mais acredita, também escreve versos de amor, acho isso fabuloso! O poema é, como dito no comentário anterior, brutalmente lindo!! Parabéns Moacir.
L.poesias disse…
Às vezes vc até consegue me surpreender!
(Preciso que tome o chá de visibilidade, por favor!)

Nane.
Anônimo disse…
Teu talento, tua verve, inspiração, tua boca, toque, respiração, olhar... tudo de si empregado nisso que te constitui tão sólido e tão etéreo.. A cada nova postagem, a tua grandeza como poeta e a tua singeleza como homem exaltam-se mutuamente, numa cumplicidade encantadora..
Admiro-te ainda mais..