Contava as horas com carinho afinal, eram suas companheiras de viagem.
Longa viagem, que seguiria só.
Só ele, ele e o tempo. Ás vezes eram amigos, como agora.
Não importava aonde o tempo o levasse, sabia que ele não teria fim.
O que dava medo era o fim. O fim é imutável. É só o fim. É todo o fim. Fim do quê? Esse era o seu medo.
Mas, estava sentado confortavelmente no vagão do tempo, a roer as unhas para enganá-lo. Envergonhou-se e baixou as mãos lentamente: Não podia enganá-lo.
Uma, duas, três estações...Às vezes vinha um desconforto: Seria o tempo ou a solidão? Será que o estavam enganando e seriam uma coisa só? Como um casal que passeia de mãos dadas na beira da praia.
Olhou o relógio mais uma vez: Agora o tempo enchia-se de segundos...Mas eles não estavam ali antes, antes eram só as horas. De repente sua cabeça estava cheia do tempo. O que fazia com ele? Sentia-se sufocado.
Então, colheu-o, como flores, um pouco malcheirosas, fazer o quê? Não tinha espaço para mais tempo.
Olhou o relógio e os segundos ainda estavam lá, achou que se parasse de olhar por um momento eles fugiriam sorridentes, como uma criança que acabara de pregar uma peça. mas não, estavam todos lá, encarando-o, acusando-o.
Abriu a janela a fim de respirar, tomar novo fôlego, afinal, ainda havia dignidade nele.
Voltou pronto para encarar o tempo novamente mas, o trem parou.
Chegou.
Chegaram.
Ao fim.

Comentários