Sobre borboletas e furações.


art by ~chozi



Washington Messias aos vinte e sete anos teria se graduado em dois cursos diferentes fora do Brasil, aos trinta e cinco ele descobriria uma nova forma de fusão de energia fria que, nos dois séculos seguintes, seria a base para o desenvolvimento de centenas de novas máquinas e veículos.
Um ano depois de sua descoberta ele seria indicado ao Nobel.
Seria..
Esqueça que lhe disse isso.

Cristina Marinez no ano de dois mil e trinta e dois tornaria-se a primeira astronauta em Marte, graças a ela, a missão enviada ao planeta vermelho conseguiria retornar em segurança para a Terra, abrindo assim, uma nova era de viagens para a humanidade.
Infelizmente esse não é mais um futuro possível... Então vamos fingir que não lhe contei isso.

Mariano Madzimi, formaria-se em biologia e medicina, durante quinze anos ele estudaria o código genético humano até compreender a exata função de cada mínima linha. Os primeiros resultados da sua pesquisa elevaram a média de vida de oitenta para cento e sessenta anos. Um século depois, graças aos seus estudos, a morte por doença ou velhice seria um conceito ultrapassado e a sociedade teria que aprender a lidar com o conceito de eternidade.
Porém peço que desconsidere essa informação... Não acontecerá.

Washington não chegou a completar três anos de idade, ele morreu por conta de uma infecção, mas não exclusivamente por ela, some a situação os fatores externos como o total e completo abandono social e médico em que sua família vivia.
Cristina não viveu além dos doze anos, ela foi uma vítima colateral durante um acidente entre um motorista bêbado e outros dois carros.
Mariano tinha onze anos quando foi levado à força de sua casa para fazer parte de uma milícia ou se preferir o termo, facção armada revolucionária, uma, entre as dezenas de gangues que infestavam seu país. A expectativa média de vida das crianças usadas como soldados nessas guerras é de no máximo dois anos, Mariano suportou onze meses.

Quando você escuta alguém dizer que as crianças são o futuro.
Não trata-se de um exercício de discurso.
Na verdade é um fato lógico e simples.
Prático e direto.
Você é o presente.
Construíra parte do futuro, mas essencialmente, você é apenas o presente.
Seu futuro será dividido com outras pessoas, construído por essas crianças.

Ele pertencerá e será criado por elas.
Em poucas palavras...
A sua vida está ligada a vida delas.

Aceitar isso não deveria ser algo difícil para um animal social.

Então compreenda:
Outros vieram antes de você.
Outros virão depois de você.
Outros que serão igualmente únicos.
Fundamentais.
Insubstituíveis.

E cada vez que as histórias dessas crianças são apagadas.
A sua vida também é alterada.



...


Comentários

F.G. disse…
" O insubstituível...
Jamais substituído?
O não inigualável!
Na perda incontável...
Da ideia,do Ser Humano imutável!
F.G.

* Parabéns pelo texto!*

Abraço.Sr M.