Desculpe, com licença, mas você esqueceu uma coisa...



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Não.
Quando você crítica dois homens, por andar com as mãos dadas em um centro de compras ou por se beijar em uma praça de alimentação, você não está exercendo seu direito de liberdade de expressão. Você está sendo imbecil.
Só isso.

A despeito do conceito que você tenha sobre moral, costumes e liberdade, não, você não tem o direito de criticar a vida de duas pessoas que são adultas, conscientes e que não estão prejudicando absolutamente ninguém.
Você não tem o direito, mesmo que pense o contrário, de julgar duas garotas ou duas mulheres que resolvem viver juntas.

Não trata-se da sua liberdade de falar o que você pensa que está sendo tolhida, você pode continuar sendo imbecil, tudo bem.
Pode continuar nisso, sozinho, remoendo esse rancor mal resolvido dentro de você, vomitando e engolindo os seus esboços de ideias e certezas.
Ruminando todo isso, até, talvez, encontrar uma saída para um problema que é apenas seu.
Eles e a vida deles não são seu problema.
Simples assim.

Eles, por mais que você queira dizer o contrário, não tem um problema.
Você tem.

Trata-se de você. Você é o problema ao agredir outras pessoas e querer determinar a forma como elas irão viver. Ao tomar-se como a voz de seu deus, aquele que você é livre para acreditar e seguir, e ao tentar impor sua visão de vida sobre outras pessoas você está errado.
Não meio errado, não um pouco errado. Você simplesmente está errado.
Porque não é uma decisão sua.
Não é sua vida. São outras pessoas.
Seu casamento não vai acabar por causa dessas outras pessoas. Elas não invadirão sua casa gritando palavras de ordem e querendo mudar seus hábitos sexuais.
Eles não vão separar sua família, comer sua comida, roubar seu emprego.
Não gritarão com você na rua ou tentarão bater em sua esposa, possivelmente, por saber que sua vida; enquanto você não estiver agredindo ou ferindo outro ser humano, diz respeito única e exclusivamente a você.
Essa é uma regra de ouro.

A regra que você pode levar para outros campos do seu cotidiano.
Quando você vê um homem de outra raça, de outra classe, de outro país e imediatamente o julga como sendo inferior, você está errado. Sem meio termo. Não é direito seu.
Não é seu direito sagrado e inalienável abrir a boca para agredir outras pessoas.
Quando você defende a ditadura porque “naquela época sim as coisas funcionavam...” Você está apenas sendo uma mula e pode continuar sendo, desde que, você guarde sua ignorância histórica para o espelho do seu banheiro. Porque, quando você abre a boca para dizer algo assim, ofende pessoas que viveram esse período e que perderam pais, amigos e filhos durante o que você acha que foram anos dourados da lei e ordem.

Você, note bem, nem precisa mudar, se converter ou tentar ser uma pessoa melhor.
A beleza do livre arbítrio é essa.

Pode continuar imerso em sua estupidez se realmente desejar, mas, por gentileza, guarde isso para você.  Só para você.

O mundo, afinal, já é um local suficientemente complicado sem você e sem sua opinião sobre a vida e felicidade alheia.


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