art by freemax
Sete e quarenta, manhã.
Quarta-feira. São Paulo.
Ela senta-se junto ao
balcão, existem centenas de bares nessa parte da cidade, a escolha deste lugar
foi acaso.
Cabelos muito vermelhos,
longos, que caem sobre seu rosto e encobrem seus olhos.
Um rosto comum, que se
perderia na multidão depois de alguns minutos.
Olhos transparentes, mãos pequenas, dedos longos.
Poucas pulseiras. Nenhum anel... Nada precioso.
Nada se leva da vida.
Olhos transparentes, mãos pequenas, dedos longos.
Poucas pulseiras. Nenhum anel... Nada precioso.
Nada se leva da vida.
Ela pede um café e paga ao
mesmo tempo.
Antes mesmo de receber o que pediu.
Ela detesta dever a estranhos e a si mesma.
Antes mesmo de receber o que pediu.
Ela detesta dever a estranhos e a si mesma.
Seu nome não é importante
por enquanto.
O balcão úmido e o excesso
de tudo, misturado com o cheiro de fumaça de motores dos carros, a faz ter a
nítida sensação de ver um rio caudaloso e colorido, logo ali, no fim da
calçada.
Fluindo na rua, de carro para carro.
O olhar negro de quem passou mais uma noite em claro.
O olhar negro de quem passou mais uma noite em claro.
Sob luzes vermelhas, azuis e verdes.
O café chega, ela segura o
copo de vidro entre suas mãos... Para aquecê-las.
Então prova o líquido escuro.
O café é ralo, fraco.
Ainda assim, ele consegue ser incrivelmente melhor do que a sua vida.
Então prova o líquido escuro.
O café é ralo, fraco.
Ainda assim, ele consegue ser incrivelmente melhor do que a sua vida.
Seus lábios tocam a borda
do copo.
Inadvertidamente, ela lembra de um corpo que já não toca.
A garganta queima um pouco.
Seus olhos ardem com o vapor.
Todas as noites de sexta, todas as vezes que vasculha as gavetas, com certeza, só pode ser o maldito vapor.
Inadvertidamente, ela lembra de um corpo que já não toca.
A garganta queima um pouco.
Seus olhos ardem com o vapor.
Todas as noites de sexta, todas as vezes que vasculha as gavetas, com certeza, só pode ser o maldito vapor.
Não gostaria de vê-la chorar.
Sua mão estende-se até o
açucareiro e duas colheres cheias são jogadas na amargura da bebida.
Ela bebe, termina e sai como se nunca tivesse estado ali.
Sai.
Sai.
Como se seu nome, realmente, não fosse importante.
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